O meu caminho é outro e fujo do limiar dos caminhos da vingança. Já não vou sonhar com os olhos tristes da outra que foram o desencanto de ontem e quase me destruíram.
Talvez haja mais luares para iluminarem a minha razão de existir…
Sonho que fujo com uns cabelos longos, soltos ao vento. Mas os nossos tempos não são iguais. Pudesse contar-lhe um segredo e talvez fosse minha a trigueira de olhos doces que parecem dizer sim aos meus, presos nos seus.
Gela-me o coração. O arco-íris do céu velho de ontem continua a ser o meu fatalismo. Nos caminhos que passam e onde a vejo passar. Nos cortes da linha fatal. Em tudo o que me faz lembrar o nosso passado.
Porque não vou conseguir fugir contigo, nos caminhos que se cruzam sei que te vou perdendo, rosa do meu jardim. E depois... pétalas ao vento. Cabelos longos. Beijos longos. Lonjura. Desencanto. Tristeza. Rio que corre para a foz…
Se o teu destino fosse o preço do amor, teria todo o dinheiro do mundo para seres o meu destino. Mas sem te ter, és a quimera que só custa o dinheiro que não existe.
Os teus olhos pareciam dizer sim. Olhos muito abertos. De gazela assustada. Olhos que queria beijar mas não podia. Era proibido beijar-te. Só o pensamento dizia que sim. Que um dia vinhas ao meu encontro!
Infelizmente não foi assim porque, acaso tivesses ao meu encontro, partirias dos anos-luz do meu afastamento.
Ainda sonho com o teu corpo nu que o vestido branco da pureza escondeu. Com as mãos que tomaram as colinas dos teus seios. Sonho que te abraço. E beijo os teus lábios que sabem a morangos silvestres. E...
Mas… há sempre um mas...
Já passaste por mim, cabelos soltos ao vento. Longe da órbita do nosso acontecer.
Trigueira que me encantaste, agora que sei que te perdi e que sou de outra mulher que é o meu fatalismo, não sei se posso viver sem ti.
Volta, cabelos soltos ao vento, diz-me que vais voltar! Volta de braços abertos e não tragas lágrimas de tristeza nos olhos.
Quantos sonhos belos correndo ao meu encontro, correndo, correndo sempre, sem sequer descobrir se foste um sonho e sonhei, se te tive ou não pude ter...
Vem para mim que só eu sei quanto te amei e nunca te disse!
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