sábado, 11 de agosto de 2018

Ela disse que não!







Dormia dormia
um sono pesado
na beira da cama
velava o seu sono.

Em cima da mesa
o café esfriado;
o dia aclarava
e tingia as paredes
de vermelho rubi.

Entreabriu os olhos
e olhou-me na dúvida
se a dúvida era eu...

Pediu-me o café
e eu disse que sim
pediu-me um sorriso
e eu disse que sim
pediu-me um carinho
e eu disse que sim;
abracei-a na cama
ficámos juntinhos
com o café a esfriar.

Ergueu-se na cama
e bebeu o café.
"Cachaça bem fria
preciso espertar!”

Bebeu e bebeu
viu voar beija-flor...

Peguei os seus seios
bem firmes gostosos
e fiquei a pensar
se era minha na cama
ou escrava da cama.

Bebi do seu copo
vi voar colibri...
Que visão era aquela
com ave a voar?

Debrucei-me na cama
seus olhos vidrados
sem chama sem fogo
passaram por mim.

Pediu mais cachaça
para voltar a sonhar...

“Já te dei a lua
rosa vermelha e rubis
perfume cheiroso
beijos molhados
dançámos bem juntos
fizemos amor
à luz do luar;
não te dou da cachaça
que te vai matar!”

Peguei-lhe no rosto
olhei-a nos olhos
pôs-se logo a chorar.
"Só quero a casinha
para nela morar...
Nossa!
não te quis enganar..."

Que estranho este amor
me trouxe o luar!

Guardei os rubis
as pétalas e o amor;
fechei a janela
para o sol não entrar.

"Você me entristece
seu moço bonito
veio tarde demais;
só quero da cachaça
para a dor passar;
se fizemos amor
a culpa se houve
foi só do luar!"

Dei-lhe cachaça
e sorriu para mim.
"Seu moço bonito
não me olha assim!"

Adormeceu serena
num sono profundo...

Deitei fora as garrafas
a rosa já murcha
o perfume e os rubis
e escondeu-se o luar.

Ao vê-la tão queda
deitada na cama
vazia de amor
fiquei a chorar.

Cobri de beijos
seu corpo já frio
puxei o lençol
escondeu-se o amor.

Não pediu da cachaça
nem viu beija-flor.
Deitada na cama
dormia serena
num sono profundo
tão calmo  tão frio
tão longe do Mundo...

De olhos para o céu
zangado com Deus
perguntei-Lhe...
"porquê?"

"Ela não te tinha amor.
Só gostava de você!"


Sem comentários:

Enviar um comentário