segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Desespero


Nasceu mais um caminho com asas de gaivota voando em círculo e com pegadas no deserto vermelho. A minha vida é um novo sonho numa cascata seca. As águas ficaram suspensas no ar e os salpicos mancharam-me o rosto. Não sei se são lágrimas de raiva, mas é urgente destruir a cascata e esquecer os pesadelos do passado. É urgente destruir os poderes que brotam da cascata sem água. Alcancei o limiar dos caminhos sem retorno. 
Sei que nunca serás minha. Gela-me o coração. O arco-íris do céu velho é um fatalismo certo e nos caminhos onde te vejo passar, nos cortes da linha fatal, nos sinais que não quero ver, sei que te vou perdendo aos poucos. Somos pétalas soltas ao vento, braços abertos, mas distantes. Não consigo fugir do desencanto. Se o amor que senti por ti fosse o preço do destino teria todo o dinheiro do mundo para um dia seres minha.
Mas porque não consigo desistir de sonhar contigo?
Talvez porque os teus olhos num momento disseram que sim. Só num momento. 
Sonho com o teu corpo nu, abandonado, à espera. As mãos tomam as colinas dos seus seios e estremeces. O desejo cresce, aninha-se nos meus braços e vem o tempo de te possuir. Mas, como sou um sonhador, há sempre um despertar. Já passaste por mim. Foi tempo que ficou. Foram sonhos belos, Tu correndo ao meu encontro, correndo, correndo sempre, sem eu sequer descobrir se foi um sonho e sonhei, se te tive minha e logo te perdi para sempre. 
Não quero dizer-te adeus. Adeus é para sempre.
Só eu sei quanto te amei e nunca te disse!

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