segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Só sei que foi ontem!

 

Se és como as andorinhas que voltam todos os anos ao mesmo beiral, então não compreendo porque tardas em chegar.
Ainda espero por ti. À hora combinada. Do dia não me lembro. Da hora, sim. E do mês, não. Tenho a certeza porque me esqueci.
E tu?, será que te esqueceste?
A culpa é do tempo. Dizem que o tempo não perdoa. Ora. Desculpa do costume.
Se não te esqueceste de mim, vem ter comigo. A nossa madrugada ainda espera por ti. Vem ter comigo ao azul do tempo dos sorrisos, à planície vermelha, ao lago de bonança, à encruzilhada dos desencontros. Tanto faz, desde que venhas. Só há problema. Não sei em qual desses sítios estou.
Ah! Já te avisto ao longe. Correndo. Cabelos soltos ao vento (bla, bla, bla; o costume). Quiçá ao meu encontro. Estás mais perto. Sinto no ar o odor do teu perfume. És tu.

Abriste os braços. Quero abraçar-te. Ter a certeza que és tu. Quero beijar os teus lábios e sentir o sabor a morangos silvestres. Quero dormir contigo na mesma cama. Acordar com os teus braços enlaçados no meu tronco.
E se os teus lábios não tiverem o sabor a morangos silvestres? 

Afinal, passaste por mim e não me viste. Trazias os braços abertos e os cabelos ainda mais soltos ao vento do que quando te vi ao longe. O teu rosto mostrava felicidade. Os teus olhos não eram tristes. Não. Enganei-me. Afinal não aconteceu na hora combinada.
Como pude enganar-me?
Não eras tu.  Afinal estava numa encruzilhada de destinos errados e a mulher que julgava que eras tu e passou por mim rumo a outros braços.
Tudo falhou. O mês. O dia. A hora. Assim, é tarde... demasiado tarde para nos encontrarmos.
Perdoa-me se não consegui encontrar-me contigo. A mulher que passou tinhas cabelos curtos. Olhos cor do ciúme. Cor da traição. Cor da lealdade. 
Esqueci-me do tom da tua voz. Do mundo que sonhámos juntos e nunca vimos. Dos beijos que demos. Da cama ontem cheia de amor e hoje vazia de ti. Esqueci-me se ontem foi domingo. Do tempo que deixei passar. Das marés vazias sem onda para agarrar. De tudo o que fui e que não consegui ser. Esqueci-me. 
E hoje?, quantos são hoje?
Ah!, se eu pudesse lembrar-me que também me esqueci de ti! 

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