terça-feira, 14 de agosto de 2018

Noite!


Noite!
Porque vens cada vez mais escura esconder-me os olhos do amor de ontem?
Não quero abrigar-me no teu manto, nem tão pouco quero o abraço frio que emana de ti e que me gela e que me adormece. Nem o canto de sereia que promete sempre o que não tem ou não quer ter. Nem talvez a queira porque já não é.
Deixa-me só com a minha solidão porque outra solidão, essa não quero não.
Já foste outra noite no tempo das noites do sonho acordado, quando o luar dos seus olhos me banhava, noite fora, até vir a madrugada...

Noite!
Muitos anos. Foi há tantos anos!
Era já noite quando a conheci, noite. Talvez um mau prenúncio por ser noite.
Foi há muitos anos e ainda não me esqueci. Do seu olhar triste. Da doçura do seu sorriso. De tudo o que vivemos e não vivemos. Das promessas que fizemos e que ficaram por cumprir. Dos  sonhos que abortaram porque desistimos.
Que caminho a levou?
Não sei procurar na noite escura onde a escondes sob o teu manto voraz que tudo encobre.
Já lhe comeste as entranhas e devoraste a alma. Nada me resta senão mergulhar num sono profundo e recolher-me também no teu manto protetor até me esquecer que vivi.

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