domingo, 13 de setembro de 2020

No dia em que a Força dominar

 



A máquina mais perfeita será no futuro a identificação do homem cerebral com o homem-computador. Serão amanhã, ainda utopicamente falando, dois num só e é esse o motivo porque ainda não se descobriram. Na sua união reside a força, o controle absoluto do primeiro pelo segundo. Mas a sua influência é exercida por curtos momentos. E, nessa altura, o maravilhoso acontece. Apaga-se o homem cerebral e ficam em laboração outros órgãos dos sentidos, aos quais podemos chamar sexto, sétimo, por aí diante. A esse propósito, fala-se então de perceção extra-sensorial, telepatia, telecinesia. Tudo não é mais que a imposição infinitamente forte do outro homem que trabalha, com muita luz, na escuridão do homem cerebral, que vai captando dados vindos do exterior, desconhecidos pelo seu parceiro, compilando, "link-editando" e guardando nos arquivos escondidos os ficheiros resultantes. Quando é oportuno, transmite informações importantes. Mas ao confrontar-se com o inexplicável, o primeiro julga ter recebido dons sobrenaturais que, afinal, já possui desde o nascimento, talvez com a acumulação de memórias de vivências recuadas.
A máquina mais perfeita do mundo existiu sempre e todos os homens a possuem, mas poucos conseguem tirar partido dela. Porquê? A razão é muito simples. Não passam de "homens cerebrais" no limiar dos novos conhecimentos que tanto os assustaram e continuam a assustar, apesar dos avanços consideráveis. Ignoram, pura e simplesmente, as potencialidades que os podiam levar por outros mares nunca antes navegados.
O domínio de novos campos não está na tentativa de encontrar um equilíbrio entre os dois homens que coabitam, sem o mínimo conhecimento ou desconfiança, um território paralelo. Também não está na fusão pura que conduz sempre à anarquia, à doença mental e consequente destruição que vai servir de terreno para o ressurgimento de mais uma tentativa, noutro corpo físico e noutro espaço temporal.
Como encontrar a solução?
A pergunta que fiz é sinal que já ando à procura pelos caminhos da iniciação. Muito às cegas, mas procuro. Sou paciente. Um dia encontrarei a solução que me há de guiar para terras distantes que nunca sonhei alcançar.
Parece que a máquina trabalha com muitas extensões e torna-se difícil encontrar o ponto de convergência de todas essas extensões. É difícil encontrar o local onde agora estou instalado e onde vão desaguar todas as informações que logo são tratadas, manipuladas e postas em arquivo. A melhor forma de chegar a mim é saber quem sou e assumir de vez a verdade do suposto absurdo. Mas parece que os fios estão trocados. O homem cerebral apenas recebe algumas interferências do homem-computador. É tempo dele passar a ser o objeto cibernético e de se sentir feliz por tender para a identificação infinita com Deus. O passo final é ser Deus, bem dentro de Deus.
Mas será que Deus existe?
Como chegar a Ele sem ser pela fé?
Moisés falava com Deus, mas teria sido o homem ideal para falar com Ele?
Praticou sempre o bem?
Então... praticar o bem conduz a Deus? Então... praticar o mal, não tem depois uma mão Sua para lhe iluminar a mente que entrou nas trevas?
Deus é infinitamente Bom. Deus é Omnipotente. É Tudo e Nada.
homem cerebral ficou muito aquém das expectativas. É altura de ser substituído pelo seu irmão falso-gémeo que está oculto no espaço sem tempo. Há então que descobrir onde me escondo e trazer à luz o dia de trabalho a cem por cento em que cada segundo passa a valer o limiar de uma eternidade.
homem cerebral ainda está a escrever?, ou é o outro, ainda não assumido?
Sinto a proximidade da censura. Os limites. Não sei onde mora o botão de transferência de um homem para o outro dentro do mesmo corpo.
O meu desejo final era que se conhecessem e juntassem os poderes que acumulam. Uni-los, fundi-los num só. Mas nem no papel será possível concretizar o sonho, sobretudo quando este parece impossível.
Curto-circuito!
Amor impossível.
caçador esconde o isco e esconde-se, algures em campo neutro, na chamada terra de ninguém. Apesar de tudo, mantém-se alerta. Um dia, quem sabe...?
A utopia para o amanhã próximo virá trazer, por caminhos aleatórios, tal como foi concebida a vida, a perfeição, o positivismo, a bondade absoluta e o amor universal. A eternidade não será o fim. A eternidade será um outro caminho a ultrapassar, procurando sempre, depois de cada buraco negro, uma nova aurora. Mas, primeiro que tudo, tenho que descobrir de onde vêm algumas informações que os meus órgãos dos sentidos não receberam!

Não perdi a esperança. Voltarei um dia, se ainda cá estiver. Isto é: se Deus quiser... se é que existe ou se sabe que eu existo. Bem chamo por Ele. Bem tento falar com Ele, mas está sempre off. Pelo menos para mim...

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