terça-feira, 8 de setembro de 2020

Os caminheiros do éter

Vencido jaz o corpo inerte na terra dos esquecidos que em círculo as árvores esguias guardam como sentinelas fiéis que nunca arredam pé.
Sob a lenta destruição que os vermes consumaram, quis ainda erguer-se e seguir as vozes dos caminheiros como ele rumo à sua eternidade.
Onde querias chegar?
Já não és. Já não ouves as vozes dos caminheiros que marcham lá longe, nas distâncias proibidas aos corpos grosseiros, como grosseiro é o teu corpo que os vermes devolveram à terra. Grão a grão. Átomo a átomo.
Lá longe, muito longe, onde os sentidos não alcançam, os caminheiros do éter, átomos dos átomos, vagueiam eternamente sem porto onde chegar. As suas vozes ressoam bem alto no vazio do éter e parecem chamar por ti. Mas no sítio onde tu estás, longe do mundo que começa e perto do que já se finou, não vão saber onde estás!

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