quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Quadras do vento que sou





O vento que sopra forte
não tem sempre rumo igual
quando sopra do norte
passa e não deixa sinal.

Ondas do mar alterosas
erguidas pelo vento sul
deixam marcas dolorosas
no céu que ontem era azul.

Trazidas pelo vento oeste
sopram brisas pela tardinha
são saudades que trouxeste
do tempo em que eras minha.

O vento leste que acalma
revoltas de sonhos perdidos
espelha no fundo da alma
saudades de amores já vividos.

Vento leste doce ardor
vento suão bafo quente
só não entram com amor
na alma de quem não sente.

Quatro rumos principais
quatro estradas por seguir
já não vêm dias iguais
no futuro que há de vir.

Quando o vento sopra forte
faz vergar o canavial
poder maior tem a morte
que rouba a vida do mortal.

Ainda mais forte que o vento
que sopra e abre o caminho
é o poder do pensamento
voando mais alto  sozinho.

O pensamento e o vento
são dois irmãos do deserto
na solidão que eu invento
vejo-te longe e estás perto.

Quadras o pensamento criou
no caminho que o vento quis
se o pensamento as riscou
o vento não sabe que as fiz.

O amor que ontem me deste
não passou duma ilusão
e a esperança que trouxeste
foi um vendaval de paixão.

No poema da partida
também tu rimaste amor
sem ti já não vale a vida
só ficou o vento e a dor.

O poder do pensamento
só é meu de mais ninguém
cria os poemas cá dentro
no vento que o homem tem.

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