Na sala dos "descasados" chamavam-te Cibele...
Era uma vez...
...mas não será ainda desta vez!
Um dia...
«Que é isso? Não vale! Estás a fazer batota...»
«Não digas a ninguém mas sou uma jogadora profissional.»
«Conta-me outra história, Cibele.»
«Sério.»
«E então...?»
«Jogo póquer. Mas não vás contar na sala! Prometes?»
Claro que nunca contei.
Tantas palavras trocadas. Não estou aqui hoje para contar a nossa história. Só para te dar um recado:
«O perfume retornou...»
Esse teu sorriso...
...mas não será ainda desta vez!
Um dia...
«Que é isso? Não vale! Estás a fazer batota...»
«Não digas a ninguém mas sou uma jogadora profissional.»
«Conta-me outra história, Cibele.»
«Sério.»
«E então...?»
«Jogo póquer. Mas não vás contar na sala! Prometes?»
Claro que nunca contei.
Tantas palavras trocadas. Não estou aqui hoje para contar a nossa história. Só para te dar um recado:
«O perfume retornou...»
Esse teu sorriso...
Afinal não mentiste sempre!
Quero dizer também algumas palavras sobre ti e sobre mim. Poucas. porque a verdadeira história sobre a nossa passagem na tela, virá talvez um dia. Mas ninguém saberá qual foi a verdadeira história. Nem eu.
Nunca chegámos a despedir-nos. Perdi o teu contacto.
Hoje chegou o dia do fim.
Não quero ver lágrimas nos teus olhos melosos. Mostra-te sorridente à partida. Como se fosses a mulher mais feliz do mundo. Sorri mesmo que estejas a mentir. O nosso dia a dia não passou de uma agradável monotonia.
Vive a liberdade com outro espírito. Esquece. Afinal foi tudo uma ilusão. Estivemos perto e sempre muito longe.
«Estás longe. Por vezes chego a acreditar que estás muito perto.»
São as surpresas inevitáveis do mundo virtual, onde tudo pode acontecer e nunca acontece. Ah!, mas parecia mesmo real... Os corações a caírem num fundo rosa, digamos que foram uma grande ajuda para uma imitação quase perfeita do real.
Como me chamavas do outro lado do oceano...?
«Antônio!»
E eu... como te chamava?
Segredo! Que interessa um nome, se só existimos no virtual? Nos tais corações caídos, irremediavelmente a caírem, a caírem, como castelos altaneiros que perdiam, uma a uma, as pedras mestras. Deixemos o teu nome em paz, escondido sob as pedras que não sabem falar.
Nunca faltavas ao encontro. Vinhas sempre a correr só para falares comigo. Mas trazias sempre às costas um mundo ruim e implacável. O tal nó difícil de desfazer que tinhas dado na tua vida. Depois, o teu desespero que me contaminava. A vontade que tinhas de beber. O meu desespero. Ias mesmo beber! De preferência, muito. E eu não sabia o que fazer. Apenas admoestar-te, com doçura. E então, depois do segundo copo, acalmavas e já eras tu. Regressavas para o nosso mundo e ficávamos os dois, perdidos no ambiente rosa dos corações que não paravam de cair, cem por cento virtual, até que o efeito mágico passava sem que eu desse conta e dizias, invariavelmente:
«Vou tomar banho.»
Era o sinal da despedida. A tua partida para o mundo real, onde te perdias e eu não existia...
Os dias correram sempre entre altos e baixos. Eu, acreditando que no dia seguinte ia ser melhor; e tu...?
Até que disseste que não voltavas. Ou melhor: não disseste. Não voltaste.
«Por nada. Você sempre estará no meu coração...»
Adivinhei que tinhas lágrimas nos olhos quando apareceram na tela estas palavras. Balbuciei qualquer coisa como:
«Acredita que vais desatar esse nó!»
E desapareceste da tela. Para sempre.
Daqui, onde me encontro, do outro lado do oceano, peço-te para matares os teus fantasmas que não cheguei a conhecer muito bem e que te obrigavam a beber. Vodka. Pois. De preferência. Bem forte. Gelado.
«Não olhes assim... moço bonito!»
Quem me dera agarrar a mocidade. Não sou moço, nem moço bonito.
Levaste lágrimas nos olhos. Talvez. Quero acreditar que sim. Talvez não tenham passado de “lágrimas de crocodilo”. Quem sou eu para te julgar, para ter a certeza, se nem sequer sei se eras uma na tela e outra no telefone. Tanta diferença, meu Deus! O que aconteceu na tela está gravado; nas conversas ao telefone, as palavras levou-as o vento (destas últimas, em que eras real, não quero saber; gostei mais da tua instabilidade no virtual, em que me pareceste mais real, carente, amante).
Um dia, quem sabe... as palavras que trocámos vão ser restituídas à tela. Será um regresso às origens. Às nossas origens.
Sorriste. É um sinal que concordas. Nem esperava outra coisa de ti. O belo não pode ficar amarrado aos preconceitos retrógrados, nem o puro acto de o pintar pode ser desvirtuado. Um dia estaremos de novo na tela, mas desta vez muito quedos, a ler, espiritualmente juntos, a tentar perceber em que é que errámos, ou se alguma vez errámos, ou limitámo-nos a ser personagens que tiveram que escrever mais que uma vez todas as linhas que ficaram gravadas para sempre.
Quero dizer também algumas palavras sobre ti e sobre mim. Poucas. porque a verdadeira história sobre a nossa passagem na tela, virá talvez um dia. Mas ninguém saberá qual foi a verdadeira história. Nem eu.
Nunca chegámos a despedir-nos. Perdi o teu contacto.
Hoje chegou o dia do fim.
Não quero ver lágrimas nos teus olhos melosos. Mostra-te sorridente à partida. Como se fosses a mulher mais feliz do mundo. Sorri mesmo que estejas a mentir. O nosso dia a dia não passou de uma agradável monotonia.
Vive a liberdade com outro espírito. Esquece. Afinal foi tudo uma ilusão. Estivemos perto e sempre muito longe.
«Estás longe. Por vezes chego a acreditar que estás muito perto.»
São as surpresas inevitáveis do mundo virtual, onde tudo pode acontecer e nunca acontece. Ah!, mas parecia mesmo real... Os corações a caírem num fundo rosa, digamos que foram uma grande ajuda para uma imitação quase perfeita do real.
Como me chamavas do outro lado do oceano...?
«Antônio!»
E eu... como te chamava?
Segredo! Que interessa um nome, se só existimos no virtual? Nos tais corações caídos, irremediavelmente a caírem, a caírem, como castelos altaneiros que perdiam, uma a uma, as pedras mestras. Deixemos o teu nome em paz, escondido sob as pedras que não sabem falar.
Nunca faltavas ao encontro. Vinhas sempre a correr só para falares comigo. Mas trazias sempre às costas um mundo ruim e implacável. O tal nó difícil de desfazer que tinhas dado na tua vida. Depois, o teu desespero que me contaminava. A vontade que tinhas de beber. O meu desespero. Ias mesmo beber! De preferência, muito. E eu não sabia o que fazer. Apenas admoestar-te, com doçura. E então, depois do segundo copo, acalmavas e já eras tu. Regressavas para o nosso mundo e ficávamos os dois, perdidos no ambiente rosa dos corações que não paravam de cair, cem por cento virtual, até que o efeito mágico passava sem que eu desse conta e dizias, invariavelmente:
«Vou tomar banho.»
Era o sinal da despedida. A tua partida para o mundo real, onde te perdias e eu não existia...
Os dias correram sempre entre altos e baixos. Eu, acreditando que no dia seguinte ia ser melhor; e tu...?
Até que disseste que não voltavas. Ou melhor: não disseste. Não voltaste.
«Por nada. Você sempre estará no meu coração...»
Adivinhei que tinhas lágrimas nos olhos quando apareceram na tela estas palavras. Balbuciei qualquer coisa como:
«Acredita que vais desatar esse nó!»
E desapareceste da tela. Para sempre.
Daqui, onde me encontro, do outro lado do oceano, peço-te para matares os teus fantasmas que não cheguei a conhecer muito bem e que te obrigavam a beber. Vodka. Pois. De preferência. Bem forte. Gelado.
«Não olhes assim... moço bonito!»
Quem me dera agarrar a mocidade. Não sou moço, nem moço bonito.
Levaste lágrimas nos olhos. Talvez. Quero acreditar que sim. Talvez não tenham passado de “lágrimas de crocodilo”. Quem sou eu para te julgar, para ter a certeza, se nem sequer sei se eras uma na tela e outra no telefone. Tanta diferença, meu Deus! O que aconteceu na tela está gravado; nas conversas ao telefone, as palavras levou-as o vento (destas últimas, em que eras real, não quero saber; gostei mais da tua instabilidade no virtual, em que me pareceste mais real, carente, amante).
Um dia, quem sabe... as palavras que trocámos vão ser restituídas à tela. Será um regresso às origens. Às nossas origens.
Sorriste. É um sinal que concordas. Nem esperava outra coisa de ti. O belo não pode ficar amarrado aos preconceitos retrógrados, nem o puro acto de o pintar pode ser desvirtuado. Um dia estaremos de novo na tela, mas desta vez muito quedos, a ler, espiritualmente juntos, a tentar perceber em que é que errámos, ou se alguma vez errámos, ou limitámo-nos a ser personagens que tiveram que escrever mais que uma vez todas as linhas que ficaram gravadas para sempre.
Se há um Deus que está acima de nós e é Ele que determina aquilo que nós chamamos de destino, quem somos para duvidar ou acreditar em qualquer hipótese?
Se foi por acaso que nos encontrámos na tela das palavras virtuais, ou se aconteceu puro determinismo...?
«Saudade de vc. Mudei de casa. Estou na maior luta!»
«Estás nas mãos de Deus. Só Ele te pode valer.»
(Tu estavas na maior luta e eu tinha chegado à fronteira do possível...)
Então vá... não leves lágrimas. Sorri. Quero ver pela última vez o teu sorriso terno que mentiu a “falar verdade”. E, por favor, desata-me esse nó maldito nó que te atormenta. Parte de vez. Não deixes espaço para os teus fantasmas. Livre. Parte totalmente liberta. Mas não voltes amanhã, como a andorinha! O nosso ninho foi desfeito, pequenina (era assim que te chamava, lembras-te?). Não há sinais de mim e de ti porque tudo se passou no virtual. Partiste para sempre, embora não tivesses chegado a partir. Voltarás um dia quando a tela trouxer o milagre da reposição do virtual em que sempre existimos.
Por que choram os teus olhos?
Então vá... não leves lágrimas. Sorri. Quero ver pela última vez o teu sorriso terno que mentiu a “falar verdade”. E, por favor, desata-me esse nó maldito nó que te atormenta. Parte de vez. Não deixes espaço para os teus fantasmas. Livre. Parte totalmente liberta. Mas não voltes amanhã, como a andorinha! O nosso ninho foi desfeito, pequenina (era assim que te chamava, lembras-te?). Não há sinais de mim e de ti porque tudo se passou no virtual. Partiste para sempre, embora não tivesses chegado a partir. Voltarás um dia quando a tela trouxer o milagre da reposição do virtual em que sempre existimos.
Por que choram os teus olhos?
Às vezes quero acreditar que és real e estás mais perto de mim do que imagino!
Deixo-te uma flor branca porque só assim virás reclamar a tua situação de mulher real que também existiu fora da tela.
Deixo-te uma flor branca porque só assim virás reclamar a tua situação de mulher real que também existiu fora da tela.
Afinal quero acreditar que não morreste, mas tudo o que se passou entre nós não foi senão uma grande mentira.
( baseado em As mil e uma tragédias de Simone)

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