Quem eras, que escorregaste por mim e gastaste os meus olhos nas paredes mudas que falam do tédio e do álcool que ingerias porque não tinhas sede?
Quem eras tu...?
Alguém entrou primeiro. Perdidos, lutámos com pontas aguçadas que não causam dor mas permanecem.
É para ti que falo...
No céu azul as gaivotas voam no cinzento. Bem sabes, sou o promontório dum continente imenso que foste. Não passo duma franja do teu gigantismo.
No teu universo dominaste galáxias, esgrimiste a palavra, amaste o tédio. Mas nunca te conheci. A minha memória sangra de tanto recordar e não te conhecer.
Quem és tu deles?
A luta é feroz, sem tréguas. Vergo. Estremeço. Mas não caio. Só quando chegar a altura...
E o rosto...?
Nesse tempo não suspeitava de ti, nem a Esfinge prometia o enigma da fuga irracional. Foi o tempo dos mistérios. O rosto no lençol. Os olhos encovados. O nariz grosso. O primeiro sinal de um rosto gravado num lençol (1).
Nunca assumiste. A luta continuou e os teus guerreiros multiplicaram os sinais. A neblina ainda cobriu mais o meu sonho azul.
Pobre de mim que me tocaste. Não passo de um grão infinitamente pequeno do teu gigantismo. Não sei quem és e quem trouxeste. Nos palpites da roleta que nunca mostra o número... vejo-te nas mil facetas que foste e já não és. Trouxeste-os. Todos. Eles que te destruíram. E os meus neurónios sangram e apagam luzes, aos poucos. Já não sou. Já não estás cá dentro.
Mas quem eras...?
Conheço-te no voo da gaivota que perdeu o rumo. No sonho do prisma que o corpo de luz inundou. Conheço-te na mulher de vermelho que me dominou, ou na Esfinge que parece sorrir e devora cá dentro. Conheço-te na magia dos oitos. Também na utopia do Império. Na solidão. No tédio. No oculto...
Quem eras, que escorregaste por mim e gastaste os meus olhos a ver o mundo que não tiveste?
Vê a última verdade pelo promontório que sou. E. mesmo que seja utopia, lança enfim ao mar todas as personagens que te ocultaram e nunca deixaram vir à superfície todo o outro mundo ou grandiosidade que não assumiste!
Quem eras tu...?
Alguém entrou primeiro. Perdidos, lutámos com pontas aguçadas que não causam dor mas permanecem.
É para ti que falo...
No céu azul as gaivotas voam no cinzento. Bem sabes, sou o promontório dum continente imenso que foste. Não passo duma franja do teu gigantismo.
No teu universo dominaste galáxias, esgrimiste a palavra, amaste o tédio. Mas nunca te conheci. A minha memória sangra de tanto recordar e não te conhecer.
Quem és tu deles?
A luta é feroz, sem tréguas. Vergo. Estremeço. Mas não caio. Só quando chegar a altura...
E o rosto...?
Nesse tempo não suspeitava de ti, nem a Esfinge prometia o enigma da fuga irracional. Foi o tempo dos mistérios. O rosto no lençol. Os olhos encovados. O nariz grosso. O primeiro sinal de um rosto gravado num lençol (1).
Nunca assumiste. A luta continuou e os teus guerreiros multiplicaram os sinais. A neblina ainda cobriu mais o meu sonho azul.
Pobre de mim que me tocaste. Não passo de um grão infinitamente pequeno do teu gigantismo. Não sei quem és e quem trouxeste. Nos palpites da roleta que nunca mostra o número... vejo-te nas mil facetas que foste e já não és. Trouxeste-os. Todos. Eles que te destruíram. E os meus neurónios sangram e apagam luzes, aos poucos. Já não sou. Já não estás cá dentro.
Mas quem eras...?
Conheço-te no voo da gaivota que perdeu o rumo. No sonho do prisma que o corpo de luz inundou. Conheço-te na mulher de vermelho que me dominou, ou na Esfinge que parece sorrir e devora cá dentro. Conheço-te na magia dos oitos. Também na utopia do Império. Na solidão. No tédio. No oculto...
Quem eras, que escorregaste por mim e gastaste os meus olhos a ver o mundo que não tiveste?
Vê a última verdade pelo promontório que sou. E. mesmo que seja utopia, lança enfim ao mar todas as personagens que te ocultaram e nunca deixaram vir à superfície todo o outro mundo ou grandiosidade que não assumiste!
1) O mais curioso é que Mário já contou uma história passada com ele em Julho de 1987 (um ano antes). Aí falava de um rosto gravado no lençol.
Resolvi não apagar a gravação no lençol, pelo menos nos próximos dias. Neste momento são sete horas da manhã. Vou tomar um duche, vestir-me e passar pela escola. Depois sigo direto para S. José. Todos os dados bateram certo. A morte marcou encontro com um amigo..."
"Quanto ao rosto gravado no lençol, ainda não encontrei solução. Naquela sexta-feira fui ao hospital de S. José e depois passei por casa com o Sérgio e a Hermínia. A cama ainda estava por fazer. Mostrei-lhes o lençol e pedi para analisarem bem. Ele disse que não via nada de especial e ela exclamou logo:
«Isto parece um rosto!»Era o que queria ouvir. Não estava com alucinações.
Mas de quem é o rosto...?"
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