Entraste sem dizer quem eras
paixão carência alma fria;
miragem que os olhos viram
palavras que não existiram
soaram na noite vazia.
Entraste sem me avisar
senti-te no escuro a arder
calor que abalou a razão;
entraste sem eu saber
que torres construímos
ou sementes lançámos
no mundo onde crescemos.
Foste a imagem que ficou
quando tímida entraste;
talvez álcool sopro quente
viagem longa e dormente
sem eu nunca te alcançar.
Dormimos juntos na cama
sem saber quem eras tu
mas tu sabias de mim.
Teus seios eram vulcões
desejos adormecidos
que despertavam em mim.
Tinhas cabelos negros
trigueira era a tua cor
ardentes uns olhos castanhos
carentes, famintos de amor.
A noite partiu em viagem
foi o tempo de ondular
juntos fomos na voragem
nunca vi o teu olhar.
Quase a aurora a chegar
e eu quieto no escuro;
eras um fruto maduro
que eu queria pegar.
E quando te perguntei
se eras um amor que perdi
ou outra que inventei
no passado que já vivi...
O teu sorriso distante
disfarçou um breve rubor
negando no mesmo instante
que nem sequer era amor!
E quando te perguntei
quem eras ou se eras tu
fugiste e fiquei a pensar
pois não queria acreditar
que te comi, fruto doce.
Era tarde para adivinhar
se foste sonho e sonhei
amando até madrugar
sem saber a quem amei...
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