quarta-feira, 25 de julho de 2018

Culpa


Querias voar, mas eu protegi-te sempre. Disse-te que não. Que era impossível. Não conseguias voar. Comigo tinhas tudo. Com o teu sonho perdias tudo. 
E tu que fizeste?
Teimaste. Disseste que sim. Que podias voar. No espaço que era imenso. Em qualquer espaço. Longe do meu mundo. Das minhas asas. Em plena liberdade.
Ainda insisti. Voltei a dizer que não. Que te perdias. Que não conseguias voltar. Mas tu insististe outra vez. A ânsia de partir era tanta que até disseste que não querias voltar.
Então não tive outra hipótese senão cortar-te as amarras. Deixei-te partir, mesmo sabendo que nunca mais voltavas. E foste. Sem mim. Com o sonho que permitia tudo. Até a uma ave sem asas poder voar.
Devia ter-te acorrentado porque não sabias voar, ou acorrentar os meus sentimentos e ensinar-te a voar?
Só sei que, do chão, vi o teu rosto sorrir. Livre. Solta. Feliz. Voando com as tuas asas rumo à liberdade.
E que destino era esse para uma ave sem asas que queria voar?














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